Caminhão Museu vai percorrer o País contando a história da luta pela terra
O museu diferenciado, abrigado em um caminhão moderno, vai se desdobrar em um centro de lazer, focado na educação e na consciência crítica. Quando montado, o Caminhão Museu possui vários ambientes e atividades para o entretenimento, incluindo uma galeria de personagens, maquetes e estúdio para fotos. O funcionamento vai da manhã à noite.
Os temas e personagens escolhidos para a mostra destacam todas as vertentes da luta pela terra. O público pode conferir, por exemplo, como se deu a participação da Igreja nesse processo e de movimentos sociais como o dos Trabalhadores Sem Terra (MST), das Ligas Camponesas, como foi a atuação dos sindicatos, entre outros. A legislação agrária e a repressão política no campo também são temáticas abordadas. O museu também evidencia projetos que articularam formas inovadoras de educação, com inclusão de cultura popular na conscientização dos trabalhadores do campo. Para isso, a ajuda veio do Movimento de Educação de Base, do Movimento de Cultura Popular e do Centro Popular de Cultura da UNE.
O diretor do Nead/MDA, Roberto Nascimento, explica que o Museu dá sequencia a uma cooperação técnica entre o ministério e a Universidade Federal de Minas. A parceria já rendeu frutos importantes para o Brasil Rural, como filmes, CDs, obras literárias e produtos multimídia que tratam da temática do acesso à terra. Roberto detalha que o Caminhão pode contemplar também a música. Além dos espaços onde serão colocados livros e revistas, há ainda um coreto onde é possível realizar apresentações musicais.
Narrativas com arte e tecnologia
O Caminhão é equipado com tecnologia de ponta de informação e entretenimento. As principais atrações são os 11 vídeos que contam a história da luta pela terra, exibidos em duas salas. Os artistas: Caio Blat, Chico Buarque, Dira Paes, Gilberto Gil, José Wilker, Letícia Sabatella, Maria Bethânia, Regina Casé, Seu Jorge, Vera Holtz e Wagner Moura fizeram as narrações dos vídeos, que são de responsabilidade do arquiteto e designer Grinco Cardia. As técnicas de computação utilizadas transformam imagens, documentos históricos, ilustrações, desenhos e pinturas em maquetes 3D e animações.
A principal inovação está na linguagem, que se baseia em textos de pesquisadores e documentos históricos para oferecer um conteúdo denso, com rigor acadêmico, mas acessível a todos os públicos. Acreditamos na força dessa nova linguagem e esperamos que ela seja capaz de mobilizar todos os lugares por onde vamos passar, sejam eles assentamentos, pequenos municípios do interior do Brasil, ou capitais. A proposta é apresentar conteúdo de qualidade, com leveza, mas sem esvaziar a questão política, destaca Pauliane Braga, integrante da equipe de coordenação do Projeto Sentimentos da Terra.
O caminhão possui ainda um espaço com seis computadores e acesso à Internet, um monitor touchscreen interativo, biblioteca com livros sofisticados sobre arte, fotografia, geografia, histórias, costumes e tradições.
Após a inauguração em Minas Gerais, Sentimentos da Terra segue para Brasília, com chegada prevista para o dia 4 de abril. Em breve será divulgada a turnê das primeiras viagens do Caminhão Museu.